O medo
Hoje, enquanto chovia com ventos muitos fortes, percebi o
quanto as pessoas que estavam perto de mim evitaram ver a chuva por causa do
medo que iriam sentir ou que já estavam sentindo. E eu, como de costume, fiquei
olhando a chuva pela janela, por mais forte que estivesse e apesar do medo que
eu estava sentindo. Conforme o tempo em que eu assistia aquela chuva cair e os
ventos fortes balançarem os galhos e folhas das árvores passava, aquele sentimento de medo
ia passando e se tornando mais “suportável”. E eu me pergunto: será que evitar olhar a chuva
por causa do medo é melhor do que encará-la de uma vez e ver o que acontece? Irei
usar a chuva de hoje como exemplo, mas encaixe no contexto de alguma situação
tua que te cause medo; pode ser medo de altura, medo de água ou algo assim.
Quando evitamos olhar a chuva e os ventos fortes por causa do medo que ela pode nos causar, acabamos dando brecha para que nossa imaginação crie ou piore situações que, às vezes nem existem. Quando não estamos olhando os ventos, ouvimos os sons deles entrando através das frestas da janela ou da porta, ouvimos pessoas falando algo como “nossa, está uma ventania muito forte lá fora, as árvores estão balançando demais”, e tudo isso acaba se tornando um “gatilho” para que nossa imaginação crie o pior acontecimento possível ou, como dizem, uma “tempestade num copo de água”, só que literalmente. Mas, quando olhamos a chuva pela janela, vemos como ela realmente está acontecendo e que, às vezes, nem é tão forte quanto os sons e o que as pessoas falaram demonstravam ser, entende? Não estou dizendo que olhar o vento irá simplesmente tirar o medo que temos dele ou algo assim, mas, quando encaramos e nos expomos, vemos a situação como ela realmente está acontecendo e, aos poucos, esse medo acaba ficando mais sereno e suportável. Ao se esconder do vento, iremos apenas ouvir o seu som e imaginar várias e várias situações pior que do realmente é ou que talvez nem estejam acontecendo. Então, será que realmente se esconder das situações que nos causam medo é o melhor?
Imagine outra situação: você tem uma conta no banco, mas está com medo de olhar ela porque não sabe se está rico ou se está pobre. Com esse medo, você acaba evitando olhar e ver o que realmente está, dando espaço para pensamentos medrosos, como: “Será que estou rico? Será que estou falido ou será que estou indo bem?”. O valor que está lá no banco e o fato de você estar rico ou pobre não vai mudar só porque você simplesmente não olhou o que tem lá, então, ao invés de evitar o inevitável, não é melhor abrir a conta, verificar quanto tem e resolver o que fazer diante disso, ao invés de simplesmente se recusar a ver e criar expectativas boas ou ruins ao mesmo tempo sobre algo que você nem sabe e nem é o real? Por mais que olhar para a conta do banco e correr o risco de se sentir mal por saber que está pobre seja ruim, é algo que, com o tempo, você vai aprender a lidar, mas isso só será possível quando você realmente estiver disposto a encarar o que é real e tomar uma atitude diante disso, entende?
Às vezes, evitamos conversas difíceis que, um dia, foram fáceis por medo de decepcionar alguém ou decepcionarmos a nós mesmo. Por medo de ficar sozinho, deixamos de discutir, pelo próprio bem, sobre algo ruim que está acontecendo em um relacionamento amoroso. Por medo, deixamos de nos declarar a pessoa que gostamos por achar que ela simplesmente vai nos rejeitar. Por medo, deixamos de ir a uma entrevista de emprego, deixamos de falar em público e várias outras oportunidades de lado por achar que somos insuficientes em algo. O medo nos trava, nos paralisa. O medo nos faz criar um mundo onde tudo é pior do que realmente é, nos faz criar situações que, às vezes, nunca iriam acontecer, nos faz criar situações onde nós somos a pior pessoa do mundo, por mais que isso não seja verdade.
Não estou dizendo pra uma pessoa que tem medo de altura ficar em cima de um prédio de 10 andares pra enfrentar o medo, nem sempre temos condições psicológica pra isso. É aos poucos; um dia ficar a uma altura de um andar, no outro a uma altura de dois andares e assim por diante... Precisamos, aos poucos, enfrentar esses
medos. Precisamos, aos poucos, ver o vento como ele realmente é, e não como os sons
deles o fazem parecer. Às vezes, precisamos ver o que as coisas como elas realmente são, não
como nossos sentimentos dizem parecer ser. Temos a mania de usar sentimentos
como bússola para tudo. Sentimentos podem ser traiçoeiros, momentâneos e efêmeros. São as atitudes que mais nos marcam e decidem pra onde as coisas realmente vão.
Enfrentar situações que nos causam medo - desde um vento forte, até o medo de matar uma barata – exige muita coragem e força de vontade, pois você, muitas das vezes, terá que enfrentar desconfortáveis momentos difíceis para chegar lá. Não é uns simples pensamentos/sentimentos positivos que irão te ajudar, nem uma mágica ou algo assim, são pequenas atitudes e os pequenos passos que damos. E lembre-se: seu medo é real porque te machuca, te trava e pode te prejudicar bastante, então, por favor, nunca diga que ele é bobagem, muito menos frescura. Muitas das vezes, não conseguimos lidar com nossos medos sozinho - e nem precisamos -, então, se esse for o seu caso, não pense duas vezes antes de buscar uma ajuda profissional, combinado?
Guilherme, a cada dia que passa eu fico mais impressionada com a sua evolução em escrever! Parabéns!! Eu simplesmente amei todas as colocações do texto, como você conseguiu me fazer envolver realmente com seu texto enquanto eu lia! Parabéns! Ficou lindo demaisssss 💓
ResponderExcluir- Bruna
Meu Deuus, que honra ter uma escritora tão talentosa como você por aqui! Obrigado por tudo, de verdade. E como eu disse pra ti: uma das minhas maiores inspirações pra escrever é você e seus textos, então, se faço o que faço, você tem grande parte nisso como inspiração, viu? 💛
ExcluirTambém acredito que sentimentos não são necessariamente ruim - é natural do ser humano - desde que a gente saiba lidar com ele de forma saudável. E aaaah, Júnior, fico feliz que tenha gostado, de coração!
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